sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Conselho Estadual de Cultura aprova restauro de peças do MHS


14/11/2012

Na tarde da última terça-feira, 13, durante uma importante reunião entre o Conselho Estadual de Cultura (CEC) e diretores da Secretaria de Estado da Cultura (Secult), foi aprovado o Projeto de Conservação e Preservação da Coleção Jenner Augusto do Museu Histórico de Sergipe, um acervo que conta com 17 telas de grandes artistas sergipanos e de outras regiões do país, incluindo obras importantes do próprio Jenner.
Reunião contou com a participação de diversos conselheiros (Foto: Fabiana Costa/Secult)
O projeto visa o desenvolvimento de uma ação emergencial de preservação e conservação da coleção doada por esse grande artista sergipano que foi Jenner Augusto, e que está sob a guarda do Museu Histórico de Sergipe, além de um levantamento dessas obras através de um inventário.
Segundo a coordenadora de museus da Secult, Sayonara Viana, que na ocasião apresentou o projeto, o restauro e a conservação dessas obras dará ainda mais vida às exposições permanentes do museu. “Jenner sempre foi um artista muito visionário e quando doou essas peças ao Museu queria trazer para Sergipe o Modernismo que ele via se desenvolver em outras partes do país, e até então não havia sido trazido para Sergipe, por conta da resistência que havia por aqui”, explica.
Sayonara levou aos conselheiros o projeto de restauração de peças do MHS (Foto: Fabiana Costa/Secult)
O trabalho será dividido em algumas etapas. A primeira delas diz respeito ao restauro de cinco obras, sendo três em papel (‘Descimento da Cruz’, de Raimundo Oliveira; ‘Presente de Yemanjá’, de Tereza D’Amico; e ‘Maternidade’, de Carybé) e duas em telas (‘Madolaine’, de Samson Flexor e ‘Nossa Senhora da Vitória’ de Roberto Montenegro), além da limpeza das outras 12 obras da coleção. Os serviços de restauro incluem troca de moldura, limpeza mecânica, aplicação de verniz, entre outros.
Vale ressaltar que outro ponto importante deste projeto que foi submetido à aprovação do Conselho Estadual de Cultura, diz respeito a elaboração e produção de um projeto expográfico para essas obras e de um catálogo em comemoração aos 52 anos do Museu Histórico.
O secretário da Cultura em exercício, Marcelo Rangel, esteve presente na reunião e reforçou a explanação da coordenadora de museus  sobre a importância desse projeto para a conservação do acerto existente no MHS. “Nosso trabalho na Secult é o de dar prioridades de acordo com as necessidades que vamos sentindo, buscando parceiros e alternativas para tocarmos nossos projetos e modernizar nossos museus”, reforçou.
Marcelo destacou a importancia dos projetos para a Secult (Foto: Fabiana Costa/Secult)
Cinema para todos
Durante a reunião, outro projeto para área da cultura foi aprovado. Trata-se do Cinema para Todos, que chega à segunda edição e, desta vez, abrange três ações muito importantes para a cena. O primeiro deles é a segunda edição do Edital de Apoio a Produção de Obras Audiovisuais Digitais e de Curta Metragem, que irá beneficiar cinco projetos audiovisuais nas categorias de ficção, documentário e animação.
Além do edital, o projeto prevê ainda a aquisição de equipamentos de som e iluminação para a sala de projeções Cândida Ribeiro, localizada no Centro de Criatividade, e uma justa homenagem ao renomado cineasta sergipano, Wilson Nunes da Silva.
Segundo o coordenador de música e de audiovisual da Secult, Edézio Aragão, a segunda edição do edital está mais formatada e mais madura, atendendo as reivindicações dos realizadores sergipanos. “O primeiro edital foi realizado através de várias conversas que foram mantidas com a classe, e neste segundo, mantivemos este perfil, estreitando ainda mais as relações entre o Governo e os realizadores, e produzindo um edital que atendesse às suas necessidades, mas que também fosse adequado ao poder público”, destacou Aragão.
Aragão defendeu a importância da continuidade do Cinema para Todos (Foto: Fabiana Costa/Secult)
Ele ressaltou durante sua apresentação que, através das conversas com o fórum, várias adequações foram feitas ao edital, principalmente no que diz respeito ao processo de avaliação dos trabalhos, que nesta edição contará com uma defesa oral por parte dos proponentes e o aumento do tempo da obra, que passa que no primeiro edital era de apenas 15 minutos e neste segundo será de 30 minutos.

Lu Spinelli recebe Medalha de Honra ao Mérito Artístico


Por Carla Sousa, da Ascom/Secult -  12/04/2012
Delegado do CBDD entrega medalha à artista (Foto: Aqruivo Pessoal)

A coreográfa e bailarina Lu Spinelli recebeu no último domingo, dia 8 de abril, a Medalha de Honra ao Mérito Artístico concedida pelo Conselho Brasileiro de Dança (CBDD), vinculado à UNESCO. A solenidade de entrega aconteceu no Teatro Mário Lago, no Rio de Janeiro, durante evento da entidade. A medalha foi concedida à artista em reconhecimento pelo trabalho de divulgação da dança que ela vem executando ao longo de sua carreira e como representante de Sergipe no CBDD.
“Essa homenagem é importantíssima porque o Conselho Internacional e o Brasileiro não iriam conceder essa medalha por nada. Não é uma escolha governamental ou de Estado, como outros prêmios e homenagens. Essa é diferente porque é baseada no currículo do homenageado e leva em consideração todos os feitos daquela pessoa em prol do desenvolvimento da dança. Mas para mim, todos os prêmios que recebi tem seu valor porque é um reconhecimento do meu trabalho”, destacou Lu Spinelli, que ocupa há mais de 20 anos a função de delegada de Sergipe no CBDD.
Dentre as funções executadas por ela enquanto delegada do Conselho, está a de fomentar e divulgar a dança para todos os públicos e em todas as suas vertentes. Um dos trabalhos que ela vem realizando com muito prazer é a divulgação da dança no interior do Estado, com a realização de palestras para estudantes.
Além disso, ela participa constantemente de eventos nacionais e internacionais, a exemplo do Festival Internacional de Dança de Goiás, que acontece em junho, e no qual proferirá palestra e fará parte de um júri para a concessão de bolsas de estudo a bailarinos nos EUA.
Uma das ações mais importantes encabeçada por ela no sentido de dar maior visibilidade à dança no Estado de Sergipe é a divulgação do Dia Internacional da Dança, celebrado em 29 de abril.
“Antes ninguém fazia nada para lembrar a data, eu como delegada do Conselho, comecei a realizar atividades como palestras, workshops e oficinas em torno do Dia Internacional da Dança e depois foi formado um coletivo dos grupos que foram à Secult e a secretaria aprovou a realização da Semana Sergipana de Dança. Uma iniciativa muito saudável porque as pessoas passaram a conhecer data”, explicou. Este ano, a Semana Sergipana de Dança ocorrerá no período de 16 a 20 de maio no Teatro Tobias Barreto.

Evento foi realizado no Teatro Mário Lago, no Rio de Janeiro (Foto: Arquivo Pessoal)

Além de atuar na promoção da Dança em Sergipe, Lu Spinelli é uma das integrantes do Conselho Estadual de Cultura, entidade consultiva vinculada à Secretaria de Estado da Cultura (Secult). Ela compõe o quadro de conselheiros há três gestões. Paralelo a seu trabalho de conselheira e delegada do CBDD, Lu comanda a escola de dança Studium Danças, trabalho que realiza há 40 anos com muita dedicação e que tem revelado grandes talentos sergipanos da dança. “Poder contribuir com a formação da classe de dança no Estado é muito gratificante”, enfatizou.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Aglaé fala sobre novo livro e a valorização da Cultura Popular


Aglaé D’Ávila Fontes, uma das mais importantes pesquisadoras de cultura popular de Sergipe, prepara seu 14º livro. Nesse seu novo trabalho, ela se debruça sobre as Caceteiras e a Chegança, dois grupos tradicionais do município de São Cristóvão, e mais uma vez busca, através do registro documental, guardar a memória do patrimônio imaterial do Estado.
Ao longo de todos esses anos de pesquisa, Aglaé já escreveu sobre praticamente todas as manifestações folclóricas de Sergipe, com destaque para o livro ‘Danças e Folguedos’. A pesquisadora nunca abandonou seus estudos sobre a cultura popular, paixão que divide com seu trabalho de gestora na área da cultura.
Aglaé fala ao Sergipe Cultural sobre sua paixão pela cultura popular (Fotos: Ascom/Secult)
Atualmente, ela ocupa o cargo de secretária de Cultura de São Cristóvão e é membro do Conselho Estadual de Cultura. Nessa entrevista ao Sergipe Cultural, Aglaé dá detalhes sobre seu novo livro e fala sobre a cultura popular e a valorização da identidade do sergipano.
Sergipe Cultural - Fale um pouco sobre esse seu novo trabalho.
Aglaé Fontes - Estou me preparando para publicar um livro sobre a Caceteira e a Chegança de São Cristóvão e a figura do mestre Rindu. Esse novo trabalho é voltado para Educação Patrimonial pela vertente do Patrimônio Imaterial. Escolhi a figura do mestre Rindu, que é o chefe da Caceteira e da Chegança. Ao fazer esse trabalho, além dos dados do brincante, faço uma homenagem a ele por conta da sua importância para a cultura local e sergipana de modo geral.
Sergipe Cultural - Por que a escolha das Caceteiras e a Chegança?
Aglaé Fontes - Ninguém nunca publicou um trabalho voltado somente para a Catecetira. Não há nenhum registro sobre isso, e a minha ida para São Cristóvão me oportunizou ter um acesso muito fácil tanto à Caceteira quanto à Chegança, através do mestre Rindu. Há mais ou menos um ano que estou levantado os dados sobre a vida dele e sobre os grupos. Esse meu trabalho faz um levantamento histórico da presença dos grupos em São Cristóvão e do acervo poético deles. É um importante registro que pode se juntar à força da história de São Cristóvão para melhorar o perfil dessa cidade que tem uma praça como Patrimônio da Humanidade.
Sergipe Cultural – Na sua opinião, qual a importância da cultura popular para a formação das novas gerações? Qual a importância da escola nesse processo?
Aglaé Fontes - A escola deveria se preocupar em divulgar a nossa cultura e a literatura oral do nosso folclore.  Hoje elas trabalham muito com os clássicos, chamados contos de encantamento, e não trabalham esse outro lado, os contos populares. O manancial de contos populares que Silvio Romero resgatou não chega às escolas, por exemplo. Elas deveriam ter um olhar mais pensante sobre a cultura popular. Para que isso ocorra faltam duas coisas: informação e decisão política. É muito importante que os mais jovens tenham conhecimento da sua historia cultural e da sua cara. A gente tem que ter orgulho das coisas do nosso estado. E como eu posso ter orgulho da minha cultura, se eu desprezo a cultura popular?  
Sergipe Cultural – Como você vê esse universo da cultura popular em relação às novas tecnologias?
Aglaé Fontes - Me preocupo, porque estamos vivendo numa época digital com uma velocidade muito grande da informação e não aproveitamos isso para inserir a cultura popular.  Não adianta realizar um ou outro evento. Na verdade, eu tenho  mágoa da palavra evento, porque é ‘vento’, é passageiro. O que importa para a nova geração é aquilo que deixa semente, a semente está na ação da professora na escola, está no livro, está no registro. Fora isso tudo é ‘vento’. Não fica nada. Hoje em dia as crianças e os jovens não conhecem a própria cultura e os significados do nosso folclore. Reconheço, apesar de tudo, que já teve alguma melhora. A universidade, por exemplo, tem se preocupado em pesquisar sobre os diversos grupos. Mas ainda tem vários pontos que precisamos melhorar. As comunidades populares também estão perdendo essa essência, por conta do encantamento das tecnologias. Os netos e filhos dos brincantes já não querem mais tomar parte dos grupos. E isso é muito preocupante.
Sergipe Cultural – De onde vem essa sua paixão pelo folclore e pela cultura popular?
Aglaé Fontes – Para explicar isso eu tenho que voltar para um passado bem distante. Na fazenda do meu avô, o pai da minha mãe, sempre teve Reisado. Quando criança no interior eu tinha contato muito próximo com as festas populares. Minha mãe sempre teve um encantamento especial pelos grupos folclóricos e por isso desde cedo eu assistia às apresentações, eu gostava muito, tanto que minhas brincadeiras com meu irmão eram de Cacumbi e Chegança. Eram essas coisas que feriam nosso imaginário. Quando eu tive escola sempre valorizei a cultura popular. Quando comecei a fazer pesquisa não tive como fugir desse universo. A pesquisa e o registro documental é uma forma de eternizar nossa cultura e nossas raízes. Se nos distanciarmos da nossa cultura e perdermos nossa cara, teremos aonde procurar para saber como era.
(Texto: Carla Sousa, da Ascom/Secult)